Você já parou para pensar que, muitas vezes, quando falamos sobre discurso e comunicação há diferentes maneiras de estabelecer um diálogo, com uma variedade de estilos?
Um exemplo que ilustra bem essa variedade de estilos na comunicação é um dos mais recentes lançamentos da plataforma de streaming Netflix.
Se trata do filme “Dois Papas”, dirigido aliás, pelo renomado cineasta brasileiro Fernando Meirelles, famoso pela adaptação do romance de José Saramago, “Ensaio sobre a Cegueira” e por ser indicado ao Oscar e Globo de Ouro com o filme “O Jardineiro Fiel”.
Voltando aos Papas, o filme traz uma visão mais próxima e humana dos pontífices, onde ao observamos o estilo de Bento XVI e de Francisco, podemos identificar características peculiares no discurso de cada um.
Características que refletem até mesmo na oratória, o modo como cada um deles enxerga o mundo, a vida, a igreja e tantas questões tão debatidas em nossa sociedade.
Que tal analisarmos juntos e compararmos a comunicação destes dois personagens que são tão populares, ou como diz uma clássica canção do grupo gaúcho de rock nacional, Os Engenheiros do Hawaii , “O PAPA É POP”?
Confira a seguir e veja como é possível absorver verdadeiras lições de estilo em discurso e comunicação para melhorar a sua oratória e fala em público.
Discurso e Comunicação: Bento XVI
Considerado um conservador, priorizando as tradições e dogmas da igreja Católica, Bento XVI foi o substituto do Papa João Paulo II.
Batizado com o nome de Joseph Aloisius Ratzinger, Bento XVI é poliglota. Fala idiomas como alemão, italiano, francês, latim, inglês e castelhano. Também possui conhecimentos de português e lê grego antigo e hebraico.
Revelando um pensamento católico ortodoxo, Bento XVI é retratado como um personagem cujo discurso é bem técnico. Além disso, tem um semblante em geral sisudo, sério, o que “casa” perfeitamente com sua personalidade e estilo.
Durante suas conversas e embates com o Papa Francisco no filme, argumenta muitas vezes de forma dura, contundente, expressando firmemente suas convicções.
Vale dizer: quem interpreta Bento na película é Anthony Hopkins.
Discurso e Comunicação: Papa Francisco
Contrapondo-se ao estilo de Bento XVI, Francisco é o exemplo da plena humanização de um pontífice.
Não que a figura de Bento XVI não o seja, porém, a própria postura do Papa argentino contribui para que o vejamos como alguém “acessível” e mesmo sendo um Papa, sendo alguém “comum”.
Muito disso deve-se a sua simplicidade. Papa Francisco fala sobre gostar de futebol, e dançar tango.
É bem humorado, faz piadas, é eloquente e sente a igreja contemporânea desconectada com a realidade atual.
Em certo ponto do filme, em uma discussão com Bento XVI, declara: “O perdão é a dinamite que derruba os muros”.
Jorge Bergoglio- o Papa Francisco, traz ainda algumas curiosidades reveladas no filme, até então pouco notadas pelo grande público.
A saber: ele não tem a parte superior do pulmão direito e não assiste televisão desde 1990, devido uma promessa que fez à Nossa Senhora do Carmo.
Sobre esse fato, em matéria do portal G1, declarou:
“Não ver televisão não me impediu de comunicar. Não assistir à TV foi uma opção pessoal, nada mais. Mas a comunicação é divina. Deus se comunica.”
(Fonte: LINK)
Discurso e comunicação em Dois Papas: a importância da autenticidade
Já reparou que ninguém é igual a ninguém? No escritório de advocacia, na empresa, na faculdade, certamente nos relacionamos com os mais diversos tipos de pessoas.
Com algumas, temos mais afinidades, com outras, não. No entanto, cada qual carrega em si seu jeito de ser, de se relacionar, de falar, não é mesmo?
Ao observarmos o filme Dois Papas, isso fica bem evidente e nos dá um insight: vemos que na verdade, é comum nos prendermos em crenças de certo e errado no que se refere a transmitir nossa mensagem aos outros.
Quem nunca tentou seguir um padrão de falar e/ou se comunicar?
Claro, podemos e devemos nos inspirar e espelhar em pessoas que demonstram uma comunicação assertiva. Mas isso não quer dizer que nosso modo de se comunicar esteja errado.
Devemos partir do princípio de que o mais importante, é ser autêntico em seu discurso, respeitando quem você é e seu estilo, desenvolvendo com treino e estudo, uma oratória assertiva.
O mais interessante é que, mesmo com tantas diferenças, ambos os Papas mantêm dramas em comum que os humanizam aos nossos olhos, e que em certo ponto os aproximam.
Como muito bem descreveu o jornalista do UOL, Leonardo Rodrigues:
“São dois homens com angústias mundanas. O primeiro (Bento), prestes a renunciar, sabe que foi conivente com casos de abuso sexual dentro da Igreja Católica. O segundo (Francisco), querendo abandonar o posto de arcebispo, sofre por ter colaborado indiretamente com a sanguinária ditadura militar argentina dos anos 1970.”
Em síntese, os dois Papas são autênticos, cada qual com sua história de vida, ideologia e postura perante a Igreja Católica.
(Fonte: LINK)
Na vida real, ao assumir a Cátedra de Pedro, Papa Francisco demonstrou o desejo de ter uma relação de proximidade com o Papa Emérito Bento XVI.
Não são raras suas declarações sobre Bento, referindo-se a ele com admiração e carinho, e vice-versa. Segundo o site A12.com:
“Em uma de suas entrevistas após a renúncia, Bento disse que a bondade de Francisco era uma “graça especial” na última fase de sua vida.”
(Fonte: LINK)
Diante do que é realidade e do que é ficção em Dois Papas, podemos tirar algumas lições em relação a nossa comunicação cotidiana, não é mesmo?
A diplomacia, saber escutar pontos diferentes dos seus e manter sua inteligência emocional, ponderando os argumentos e mantendo sempre o diálogo, salve algumas destas lições.
Afinal, na maior parte dos dias, seja na esfera profissional, social e/ou pessoal, somos frequentemente desafiados a lidar com ideias e posições antagônicas.
A grande chave para uma boa comunicação, neste sentido, é saber se colocar de forma assertiva, não violenta e não polarizada.
E você, já assistiu ao filme Dois Papas? Conte pra nós sua impressão!