Você já parou para pensar que o seu sotaque é sua marca? Ele reflete sua origem, a região onde você nasceu e/ou mora e está ligado ao seu modo particular de falar.
O sotaque é, segundo o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa:
“Uma maneira particular de determinado locutor pronunciar determinados fonemas em um idioma ou grupo de palavras. É a variante própria de uma região, classe ou grupo social, etnia, sexo, idade ou indivíduo, em qualquer grupo linguístico, e pode-se caracterizar por alterações de ritmo, entonação, ênfase ou distinção fonêmica.”
No entanto, uma boa parte das pessoas, muitas vezes, sequer reconhecem que têm sotaque. Para elas, é sempre o outro que o tem. Por exemplo, para o mineiro, é comum que ele diga que quem tem sotaque é paulistano, e vice versa.
Tendo em vista que todos nós temos sotaque, uma reflexão interessante se faz necessária: o sotaque para você, é algo que incomoda? Você acredita que ele ajuda ou atrapalha a sua comunicação?
Será que é preciso “perder” nosso sotaque para aprimorar nossa oratória e desenvolver uma comunicação mais assertiva?
Convido você a vir conosco nessa busca por respostas, e refletir sobre a questão do sotaque e a importância da linguagem regional para a nossa identidade.
Todos falam com sotaque
Talvez você negue, porém, a mais pura verdade é que todos nós falamos com sotaque. Muitas vezes, com um sotaque mais “sutil”, outras com o sotaque mais “carregado”, não importa.
E antes que você pense que sotaque é algo negativo, é importante ter de maneira clara em sua mente que sotaque é diferente de dicção. Fato que muitas pessoas confundem.
Sendo assim, procure separar sotaque de pronúncia defeituosa. A segunda sim, é problema de dicção e deve ser corrigido.
Já em relação ao sotaque, em situações as quais temos a sensação de que o falante parece se comunicar em outra língua, e entender sua mensagem se torna praticamente impossível, é nítido que a qualidade da comunicação fica comprometida.
Situações assim implicam em uma mudança e / ou treinamento específico para que a fala seja assertiva. Retomaremos essa situação posteriormente neste post. Antes, vamos entender um pouco mais sobre variações linguísticas?
Sotaque: variações linguísticas
Você já parou alguma vez para considerar as variações linguísticas existentes nos 4 cantos do Brasil?
São variações históricas e regionais que ocorrem em nossa língua. Tais alterações ocorrem em um mesmo país, mesmo que ele conte com um único idioma oficial.
Como a língua é viva, dinâmica, ela tem nuances de acordo com determinada região do país.
Isso se aplica tanto no significado de algumas palavras, como na forma de falar e no sotaque típico de cada região.
Levando em consideração essa perspectiva da língua, temos de maneira mais clara o quanto é importante respeitar os diferentes sotaques, uma vez que eles se relacionam com a identidade do falante. Ele pode ter o sotaque característico da região sul, sudeste nordeste, etc. Não há o sotaque certo ou errado.
Se pensarmos que o princípio que fundamenta qualquer língua é a comunicação, sobretudo a fala, compreendemos que os falantes de determinada língua realizem adaptações e rearranjos de acordo com suas necessidades de comunicação.
Isso não significa que elas falam “errado” ou se comunicam de forma equivocada. Significa que a língua é vida e está em constante movimento.
Errado seria o julgamento pautado no preconceito, como vimos em uma matéria produzida pela BBC e publicada no portal F5 da Folha de São Paulo, cujo trecho extraímos a seguir:
“No Brasil, os sotaques das regiões do Nordeste são os que geralmente sofrem preconceito, o que ficou evidente quando a cearense Melissa Gurgel foi coroada Miss Brasil 2014 e foi vítima de uma série de ofensas na internet. Um dos comentários dizia “Miss Ceará: bonita até abrir a boca e vir aquele sotaquezinho sofrível”.
Fonte: LINK.
Sotaque: há situações em que ele deve ser eliminado?
Diante de tudo o que foi dito sobre o sotaque e compreensão de que ele é importante, que faz parte das características de cada falante e que deve ser respeitado, será que existem situações em que ele deve ser eliminado de nossa fala?
Se pensarmos que cada região tem um sotaque e um dialeto, como por exemplo, uai, oxi, tchê entre tantos outros, concluímos que, na verdade, o mais importante é estudar a pessoa com a qual você vai dialogar.
Dessa maneira, você de antemão saberá o significado de determinadas expressões, e não deixará que o sotaque soe como uma língua estrangeira.
A grosso modo, é fato que quem precisa decidir se deve ou não eliminar o sotaque, em busca do chamado “sotaque neutro”, (que aliás, gerou polêmica entre jornalistas e âncoras de jornais televisivos recentemente), é você. Deve ser uma escolha pessoal.
Para você mesmo (a) avaliar se deveria ou não suprimir ou atenuar determinado sotaque, é interessante analisar antes alguns pontos, como por exemplo:
- A reação das pessoas em relação ao seu sotaque é natural, ou elas estranham a ponto de zombar?
- Como é a compreensão da pronúncia? As pessoas compreendem plenamente o seu sotaque ou ele parece uma outra língua de tão carregado?
- Seu sotaque é relacionado à prepotência e soberba, gerando a possibilidade de resistência do ouvinte?
Contudo, sabemos: cada caso é um caso e é preciso analisar “onde aperta o calo” de cada pessoa, certo?
Independentemente do seu e do meu sotaque, investir na boa comunicação e oratória assertiva são fatores determinantes para obter sucesso em nossa fala e na transmissão de nossa mensagem.
E você, o que pensa a respeito do sotaque? Ele te ajuda ou atrapalha? Conte pra nós!